Por Mariana de Souza Arieta, orientadora Educacional do Colégio Marista Rosário. Pedagoga, Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional e em Gestão Curricular Marista. Pós-graduanda em Educação Inclusiva pela PUCRS
Desde que o mundo é mundo, situações de exposição, constrangimento e abuso de poder existem, porém não se falava em bullying. Para sermos capazes de debater, precisamos olhar para esse fenômeno e compreendê-lo.
Historicamente, as intimidações ocorriam, mas não eram valorizadas, tanto por pais quanto por educadores. A maioria das crianças atendia às orientações para "se defender" e, de certa forma, lidavam com isso. Será que nossas bases emocionais eram mais sólidas? Será que percebiam outras estratégias de reação para comportamentos como esse?
Hoje, oscilamos entre nada e tudo, da não valorização para a supervalorização e, às vezes, os conflitos são vistos como bullying. É possível perceber que, em função da rotina, algumas famílias permanecem ausentes por longos períodos na vida dos filhos e evidenciam maior dificuldade em frustrá-los e ensiná-los a resolver embates. Com isso, "brigas" entre colegas passam a ser vistas como bullying. E aí é que mora o perigo. É preciso esclarecer para desmistificar.
Bullying se caracteriza por atos repetidos e intencionais de intimidação, humilhação, agressão verbal e/ou física. Não pode ser uma, nem duas vezes e só se estabelece quando há uma relação de domínio. Mas como identificar? Como ajudar? Os adultos precisam dialogar com as crianças, o que não significa instigá-los a ver problema onde não tem.
Vítimas de bullying geralmente são mais introspectivas, com dificuldade de expor sentimentos e vontades, já os agressores tendem a ser mais fortes e impositivos. Alguns sintomas importantes podem evidenciar esse tipo de situação: o jovem não querer ir para o colégio, queda no rendimento ou medos que até então não existiam.
A escola é um lugar onde facilmente essas relações se estabelecem e, por isso, os educadores possuem um papel fundamental: falar sobre e realizar ações de prevenção são os primeiros passos. Quando instaurado, atuar com todos os envolvidos. Esses são alguns dos caminhos que precisam ser percorridos para a construção de relações mais saudáveis.