Por Adão Villaverde, professor, engenheiro e deputado estadual PT/RS
Os cortes no orçamento das bolsas científicas e dos programas de museologia, a crescente diminuição de recursos do extinto Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) e os contingenciamentos de verbas em educação põem em risco a pesquisa no país. Anos de estudos e conhecimentos acumulados podem virar pó do dia para a noite.
Na Sociedade do Conhecimento, de ativos intangíveis e intensivos em tecnologia e inovação, renunciar investimentos em CT&I significa abdicar da inteligência, expatriar cérebros e ampliar a dependência.
Engels ensina: "o que distingue a melhor abelha do pior engenheiro é o fato de que, ao contrário da que arquiteta sua colmeia movida apenas pela obediência instintiva às leis da natureza, este, antes de edificar um projeto, o constrói em sua mente". É vital entender que a ciência e seu produto se originam do estudo solitário do pesquisador e do salutar entrecruzamento de seus grupos científicos e das ideias em debates.
A tecnologia reafirma seus compromissos mais honrosos com os mais nobres interesses da humanidade. Impõem-se a necessidade de uma ciência emancipatória e de Nação. Com senso de liberdade e não de posse, com uma tecnologia para alimentos seguros e não para venenos. E uma inovação para violinos e caramelos e não para morticínios e barbáries.
Evidencia-se o que os filósofos chamam de teleologia e nós, de projetos. Independente do nome, o que está em jogo é a percepção de que a atividade humana não se confunde com a espontaneidade da natureza e se desdobra a partir de objetivos que colocamos à nossa ação.
Países independentes e soberanos não renunciaram à elementar lição: no início vem a ideia, ou uma rudimentar construção cerebral envolta em incertezas, mas que se vinca aos poucos no território fértil de nosso cotidiano.
Sem a conexão ciência, tecnologia e inovação, deixaremos para o presente e para as gerações que nos seguirão, um mundo desprovido de conteúdo, ou seja um "moderno conformismo", de submissão, subordinação e humilhação.