Por Gilberto Jasper, jornalista
A revolta contra a corrupção tornou-se clamor nacional. Todas as denúncias têm como personagens detentores de mandato ou que ocupam funções públicas por indicação de algum político. O DNA da política está presente nos desvios do dinheiro de todos nós, contribuintes.
A insurreição deve nos levar a uma séria reflexão neste período que precede uma nova eleição. Perde-se de vista, com frequência, que está em nossas mãos a possibilidade de abortar a trajetória destes larápios do colarinho branco.
A apologia ao voto branco, nulo e abstenção é reflexo de uma revolta compreensível do brasileiro. Mas é um atitude desprovida de análise acurada referente ao poder de banir os celerados da cena política que tanta indignação provocam.
Além de não anular o pleito, renunciar ao direito do voto comprova a despreocupação em conhecer com profundidade o processo eleitoral. Constrange constatar a preferência por uma solução simplória em detrimento do fortalecimento da democracia.
O eleitor possui o intransferível poder de indicar seus representantes. É prerrogativa vedada em inúmeros países. A cada quatro anos é possível ratificar o voto após análise do comportamento do candidato que ajudou a eleger. Se houver descontento pode-se mudar de opção e "cassar" democraticamente o mandato através do sufrágio.
Desistir do voto é sequela de outro equívoco, baseado na premissa de que "são todos iguais, ninguém presta". A generalização é, sempre, é injusta. Em todos os segmentos da vida há pessoas decentes, íntegras e comprometidas.
Mesmo temeroso, o eleitor não pode esquecer que a ditadura amputou o direito ao voto e à liberdade. Uma legião de brasileiros lutou e morreu para restabelecer a democracia. Abster-se diante da urna eletrônica em 7 de outubro é renunciar a liberdade.