Por Eduardo Jablonski, professor
Nos últimos dias, os professores da rede estadual de ensino preencheram um longo questionário do Ministério da Educação a respeito da Base Nacional Curricular Comum para o ensino médio. Aos poucos, o ensino brasileiro será reformulado (ou desmontado, como disseram alguns docentes), até para se adequar ao que se faz na maioria dos países, entre os quais os de fala espanhola, como os irmãos do Prata, o Uruguai e a Argentina, afora a Espanha.
A Língua Portuguesa e a Matemática serão obrigatórias, e as demais disciplinas virão por áreas. Nas Linguagens, entram Educação Física, Língua Espanhola, Língua Inglesa e Artes; nas Humanas, História, Filosofia, Sociologia e Geografia; nas Ciências da Natureza, Física, Química e Biologia. Religião ficaria de fora, mas, como existe uma lei exigindo a obrigatoriedade no Estado gaúcho, vai entrar nas Humanas.
Um estudante deverá fazer, obrigatoriamente, Matemática e Língua Portuguesa e optar por uma das áreas, como Linguagens, Humanas ou Ciências da Natureza. Se optar por uma delas, não terá o direito às demais. Em tese, isso agradaria à população estudantil, porque é normal que as pessoas gostem mais de certa matéria e menos de outra. No entanto, um nerd perderá a oportunidade de estudar todas as disciplinas ao mesmo tempo, como pode hoje.
Um problema é a carga horária, que será expandida, passando de mil para 1.800 horas anuais. Como no país não se tem o costume uruguaio de esperar que o jovem faça toda a sua formação para só depois trabalhar, eles serão privados de interagir com o mercado de trabalho, porque terão de estudar manhã e tarde todos os dias.
Se por um lado é interessante ver apenas o que se gosta, por outro, devido à enorme quantidade de carga horária a mais, será um desastre. Atualmente, os jovens não se dedicam, acham tudo chato. Estudando uma matéria que lhes agrade, poderiam gostar, mas com o dobro de horas, não creio que vá dar certo.
Um terceiro problema: os vestibulares importantes, como o da UFRGS, exigem o conhecimento de todas as áreas. Como ficaria? A poderosa UFRGS vai se adequar ao novo ensino médio?