Por Fernando Freire Dutra, secretário adjunto de Parcerias Estratégicas de Porto Alegre
Eu sou um otimista! Acredito que Porto Alegre está no caminho certo. Vejo a cidade trilhar a direção correta. É óbvio que muito tem de ser feito, muitos passos têm de ser corrigidos, mas o processo de desenvolvimento de nossa cidade passa diretamente pelo processo de aprendizado e abertura às diferentes experiências que nossa sociedade está apta a ter.
O paralelo entre o paladar e a evolução social é simples de explicar. Todos sabemos que um bom paladar é construído por meio da experimentação, pela coragem de degustar comidas diferentes que não nos sãos familiares. Uma sociedade desenvolvida é construída por meio das diversas experiências que se tem e se teve ao longo dos vários anos. Um paladar primário é resultado da limitação nas experiências gastronômicas, de pouca vivência, de pouco intercâmbio culinário. Uma sociedade com pouca ousadia, temerosa da inovação, é resultado de pouca abertura àquilo que se faz no mundo, de um olhar limitado – onde o diferente passa a ser ruim. Tal como aquele amigo que, sem nunca ter experimentado sushi, nega-se terminantemente.
O Parque da Orla do Guaíba é um marco importante, não apenas em um viés paisagístico, mas conceitualmente, no sentido de cativar na mente de nossa sociedade que é possível fazer ou pensar a cidade de outra forma. O nosso "paladar" ampliou-se, aprimorou-se, pois nosso senso crítico, ao caminhar pela nova orla do Guaíba tornou-se outro, nosso grau de exigência com aquilo que pode ser feito na cidade é outro. Esta nova "experiência gastronômica" nos permitirá não reagir contra o novo, o diferente, o inesperado! Projetos como o da nova orla vão marcar os novos parâmetros de exigência social e irão nos preparar para obras ainda mais ousadas e necessárias – obras essas que não mais serão vistas como negativas ou prejudiciais, mas algo tão gostoso como o velho feijão e arroz.