Por Alsones Balestrin, professor, pró-reitor acadêmico da Unisinos
Como fazer emergir a cooperação em um cenário competitivo em que indivíduos, grupos e organizações visam maximizar seus ganhos individuais? Ao menos no campo da economia, alguns pensadores, como é o caso do prêmio Nobel John Nash, cuja história foi retratada no filme Uma Mente Brilhante, a cooperação não nasce apenas da prosaica vontade de cooperar, mas, sim, da decisão racional de se obter algo que não seria possível alcançar de forma individual. A intenção, o desejo e o compromisso em cooperar são fundamentais, mobilizadores, mas não se bastam para o êxito coletivo. A sabedoria prática e as fundamentações acadêmicas indicam três elementos basilares para que a ação coletiva se concretize: propósito comum, coordenação e interação. Propósito comum mobiliza o coletivo em uma mesma direção. Coordenação possibilita que as ações sejam sinérgicas e suficientemente articuladas visando ao resultado coletivo. Já a interação é a própria base instrumental sobre a qual o coletivo é construído, conectado e dirigido.
Dentre tantos exemplos concretos de mobilização coletiva, cabe destacar o movimento que vem ocorrendo nos últimos meses na capital dos gaúchos. Trata-se do desafio de criar um ambiente de empreendedorismo e inovação de classe mundial para Porto Alegre. Inviável pensar que indivíduos, empresas, universidades ou poder público, por melhores que sejam, consigam fazer algo significativo operando de forma isolada. Estamos todos ávidos pelo desejo de cooperar para a criação de uma Capital inovadora. Isso é fundamental, porém não suficiente. Precisamos avançar de forma persistente no "como".
A aliança de três universidades (PUCRS, UFRGS, Unisinos), em cooperação com o poder público municipal, entidades empresariais e empreendedores individuais vem trabalhando com afinco para, em novembro próximo, lançar o pacto pela inovação da cidade de Porto Alegre. Será um marco em termos de engajamento coletivo e que trará em seu escopo um aparato metodológico já experimentado, com sucesso, em outras capitais e que visa amalgamar a sociedade em torno de um propósito comum, viabilizar a coordenação de ações de impacto e fortalecer a interação entre todos os atores.
Para todos aqueles que acreditam no preceito de que o coletivo é mais inteligente que o indivíduo, está aí um ótimo convite: vamos cocriar uma Porto Alegre mais inovadora!