Por Valter Nagelstein, presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre
Cláudia Laitano, interina na coluna de David Coimbra, em artigo publicado em Zero Hora do dia 18 de julho, ao criticar o projeto de musicar a Revolução Farroupilha, levado a cabo dentro de um projeto cultural do parlamento de Porto Alegre, diz que vivemos tempos de "vacas magras" na cultura. Paradoxalmente, a própria autora se dedica então a atacar exatamente quem se dispõe a investir nesse segmento. Mais uma vez sentimos na pele uma espécie de 'lúpus social', uma doença autoimune que viceja na sociedade gaúcha, uma autofagia conhecida metaforicamente também na alegoria do balde de caranguejos. A autora, começa com uma associação subliminar ao gangsterismo, avançando para elogiar no sentido oposto o Queermuseu (que custou milhões de dinheiro público sim!). Adjetivou de "trogloditas" e "playboys" àqueles que se sentiram ofendidos por aquela exposição e termina por cair no velho atavismo gaúcho de contestar e desqualificar qualquer iniciativa que não seja sua ou do seu grupo.
A Câmara Municipal da Capital, baseada em lei, criou o projeto Porto Alegre na História. Dentro de suas previsões orçamentarias (e com menos de um terço dos recursos públicos usados pelo "Queermuseu" – que a autora refere como sendo obra de crowdfunding – e não foi) vai apoiar músicos, cenógrafos, técnicos, homenagear o talento de um poeta gaúcho e contar ao Rio Grande do Sul um tanto importante de nossa própria história, que é também a história do Brasil, através de um edital que é público para selecionar o executor. Vamos levar educação e cultura ao povo, às nossas crianças, à sociedade, através de 13 apresentações: três na orla e 10 para a rede de ensino municipal.
A Revolução Farroupilha, gostem ou não, é um marco definidor na história de Porto Alegre, do Estado e do Brasil. Vamos contar a saga em si, os 10 anos de lutas, período no qual o Rio Grande inclusive poderia ter se tornado independente do Brasil, e não quis.
Como podemos precificar o valor da cultura? Como posso dizer que o "gosto" de Cláudia Laitano é melhor ou pior que o meu ou o de qualquer outro cidadão? Esse juízo em si já é um preconceito. E, por último, por que não uma Ópera Rock, mana? Descubro cada vez mais que só há um jeito de você não ser criticado: não diga nada, não seja nada, não faça nada, porque afinal nunca se ouviu falar de alguém que tivesse tentado atrapalhar o caminho de alguém que estava parado.