Em maio, mês do aniversário de Zero Hora, um frisson toma conta da Redação. É quando jornalistas são escalados para compartilhar experiências com alunos das 26 faculdades de Jornalismo do Estado. Estudantes ganham trocando ideias com profissionais consagrados e jornalistas retornam energizados à Redação.
Neste ano, as conversas vão girar em torno de GaúchaZH, site que agrega o que há de melhor no ambiente digital da Rádio Gaúcha e da ZH. Com 14 milhões de usuários únicos e 43,5 milhões de pageviews mês (números de abril), GaúchaZH, em menos de oito meses, tornou-se um case de sucesso. Vamos contar os bastidores desse projeto. Eu estarei com alunos de Jornalismo da Universidade de Passo Fundo (UPF), no dia 14.
Com GaúchaZH, o perfil de alguns profissionais mudou e novos produtos nasceram. Jornalistas versáteis, múltiplos, capazes de se adaptar a um ambiente em transformação estão cada vez mais presentes na Redação. É sobre isso que falarei. Aqui, um pequeno spoiler sobre a conversa que terei com os futuros jornalistas.
Na rotina das redações, editores recebiam textos dos repórteres, hierarquizavam o conteúdo, checavam dados, colocavam títulos e legendas em fotos, o que ocorria minutos antes de o jornal começar a rodar. Editores continuam fazendo isso, só que várias vezes ao dia. Com o foco no conteúdo digital, dedicam-se também a escolher palavras-chave para títulos que facilitem a busca da notícia no Google, a monitorar o comportamento da audiência, a pensar em conteúdos adequados para cada horário do dia. Há uma generosa troca de experiências entre editores novatos e veteranos, atuando em sintonia em diferentes plataformas. Fotógrafos também se transformam: profissionais corajosos – que se arriscavam para obter o melhor flagrante e, com apurado senso estético, brilharam na Redação durante décadas – seguem brilhando, porque bebem no que há de melhor no jornalismo. Mas, além do destemor e da sensibilidade, com GaúchaZH também passaram a filmar, editar, manejar drones, ajudar na construção de roteiros, se envolver com narrativas. Tornaram-se profissionais de imagem.
Jornalistas versáteis, múltiplos, capazes de se adaptar a um ambiente em transformação estão cada vez mais presentes na Redação.
Já os repórteres continuam focados na investigação exaustiva e nos textos elegantes, mas contam com novas ferramentas de apuração, usam dados públicos e redes sociais.
Durante viagem com jornalistas da qual tive oportunidade de participar, em março, ouvi uma frase de Evan Smith, CEO e cofundador do Texas Tribune, um jornal digital sem fins lucrativos, com sede em Austin (EUA), focado em jornalismo investigativo, que define o momento que vivemos também aqui. Smith disse:
– Ao longo da história, contratamos pessoas que faziam uma coisa muito bem. Agora, precisamos de pessoas que façam muitas coisas, que tenham ferramentas para empregar. Um jornalista que seja semelhante a um canivete suíço. E, como com um canivete suíço, você não usa todas as ferramentas todo dia. Você pode usar algumas só uma vez, mas, se você precisar, elas estarão lá.