Nas pesquisas sobre o emocional social do Brasil, ficam evidentes a insatisfação e a apreensão diante de um futuro sem perspectivas. A esperança do brasileiro está abalada pela desconfiança, pelo medo e pela incompreensão de como superar a generalizada degradação política, social, econômica, moral e institucional.
Há a sensação de um vazio de lideranças capazes de abrir caminhos que resolvam esta situação. A classe política é considerada responsável pelo abandono em que vivem os brasileiros, que não vislumbram representantes ou referências institucionais a quem possam recorrer. Vivem o temor do desemprego, sentem-se enganados, desrespeitados, extorquidos e prejudicados pelos eleitos que deveriam proteger seus interesses. Fica a convicção da insignificância do cidadão nas preocupações da classe política, subjugada pelo poder das corporações atuantes. Surpreso com a engenhosidade da corrupção nas relações públicas e privadas, o brasileiro desconfia das lideranças, independentemente de partido, ideologia ou cargo, e não sabe se já se chegou ao fundo do poço ou se há caminho para a superação da crise generalizada. Deseja uma ampla reforma política que corte privilégios, coíba abusos, puna crimes de corrupção e crie procedimentos que garantam o funcionamento da máquina pública com ética. O cidadão quer um Judiciário que resolva as impunidades, seja dos criminosos que matam o cidadão desprotegido, seja dos corruptos.
Os grandes grupos empresariais são percebidos como coniventes com a corrupção pela proximidade promíscua com o poder público na busca por favorecimentos. Já os pequenos empresários são vistos como os que se esforçam para superar as conjunturas desfavoráveis sem facilitações. A percepção é que são mais humanos na valorização dos funcionários e nas parcerias que garantem a sobrevivência do negócio. A máquina pública é tida como ineficiente e descomprometida com o cidadão, mas privilegiada por benefícios que este não tem. Tal é o clima emocional que permeia a sociedade brasileira e contextualiza as próximas eleições.