Por Paulo Ratinecas, mestre em Gestão Empresarial
Muito se escutaram piadas ou brincadeiras sobre os portugueses. A história se inverteu. Duas semanas em Portugal proporcionaram reflexões sobre importantes lições que os brasileiros podem aprender com os portugueses.
Não é por nada que Portugal atraiu em 2017 mais de 20 milhões de turistas (900 mil brasileiros), enquanto o Brasil recebeu 6,5 milhões (sendo 40% deles argentinos). Muitos se encantam e resolvem passar a viver por lá. Basicamente pela qualidade de vida e os atrativos existentes. Imigrantes qualificados, em sua maioria, pois os salários portugueses são um dos menores da Europa, inibindo a migração com foco em trabalho.
O turista encontra um país, que além de lindo, com inúmeros atrativos históricos, gastronômicos e naturais, trata maravilhosamente seus visitantes e sua população. A educação no trânsito e o respeito ao indivíduo são perceptíveis. A cada faixa de segurança uma lição de cidadania e respeito. Estradas maravilhosas (todas com pedágio, mas que dão prazer em pagar). Sem buracos, excelente sinalização.
O nível intelectual da população é, na média, muito bom. Excelentes aulas de história e contexto do cenário econômico e político são obtidas junto aos motoristas de táxi e dos aplicativos. Além dos garçons, que dão muita informação.
O respeito à história, a conservação e restauração de tudo que foi construído e vivenciado durante séculos é celebrado, contado e valorizado. Existe uma percepção do valor dado ao passado e da trajetória dos antecedentes. A cada monumento, praça, castelo, monastério, uma demonstração de devoção e respeito pelos antepassados e sua contribuição para o hoje.
Devemos estudar e conhecer a fundo toda essa mudança que tem ocorrido em Portugal. Uma lição de civilidade, gestão pública e amor em receber visitantes. Nem tudo é perfeito, com certeza. Pelo contrário, existem problemas.
Por exemplo, os brasileiros são muito bem tratados, enquanto turistas. Os imigrantes já têm outra visão. Além serem vistos como concorrentes por empregos, são discriminados.
Antes ou depois de degustar vinhos e a maravilhosa gastronomia, cuidado ao perguntar uma direção ou informação para algum português nas ruas e estradas. Muita volta pode ser dada. Não é por nada que Cabral queria ir para a Índia e acabou no Brasil, mas isso é outra história.