A crise do ensino é grave. A educação no mundo inteiro passa por enormes transformações. O futuro está em fornecer às crianças um ambiente no qual elas possam aprender à sua maneira, em seu próprio ritmo e em seu estilo/modalidade/metodologia preferidos. A tecnologia nas escolas está possibilitando essa educação personalizada para cada aluno, permitindo que alcancem seus objetivos de aprendizado. Precisamos preparar gerações presentes e futuras para prosperar nesse mundo em transformação, no qual ainda nem sabemos quais profissões de hoje ainda existirão, e quais serão inventadas. O papel dos professores está mudando completamente. De simples palestrantes, que despejam conteúdos, passam a ser líderes empreendedores sociais, construindo relacionamentos com os estudantes e suas famílias, sendo mentores das habilidades dos alunos. Seu papel é, também, “humanizar” a avalanche tecnológica que chega. É preciso mostrar a aplicação prática do aprendizado, preparando estudantes para o mercado de trabalho do amanhã, trazendo perguntas e problemas da vida real, desenvolvendo suas capacidades para chegarem a conclusões baseadas em fatos e evidências. Ken Robinson, especialista no tema, diz que os professores devem ser como jardineiros: “o jardineiro não faz a planta crescer. O trabalho de um jardineiro é criar condições ótimas!” Ensinar não é mais uma tarefa só de escolas e dos professores. É de todos: famílias, comunidade, universidades, setor privado, organizações comunitárias.
O secretário de Educação de Porto Alegre está certo quando diz que não é secretário das escolas públicas municipais, mas de todo o “ecossistema” de ensino da cidade. As escolas com pensamento “dentro da caixa”, que não incentivam a criatividade, o pensamento dentro de outros paradigmas – ética, humanismo, resolução de problemas, habilidades para formar opiniões e tomar decisões – estão com os dias contados. Saem na frente escolas como a Lumiar, aqui de Porto Alegre, uma das mais criativas do mundo. Em muitos casos, estamos ensinando o que os alunos já sabem, em vez de prepará-los para descobrir mais. Não podemos ensinar nossos filhos a competir com as máquinas, mas precisamos ensiná-los a ter habilidades para um pensamento crítico, para o progresso científico, a matemática e a estatística, base das ciências, onde inteligência artificial, automação, inovação, pensamento holístico, supercomputação onipresente e móvel, robôs inteligentes, carros autônomos e melhorias neuronais no cérebro estarão presentes na vida e em muitas salas de aulas. Felizmente já pipocam por aqui iniciativas como a plataforma de leitura Elefante Letrado, ou o Baneville, game que a Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul acaba de lançar, no qual as crianças aprendem jogando. Mas é muito pouco. Enquanto os professores não forem valorizados, não tiverem ótimos salários e recursos em sala de aula, sua nobre profissão continuará atraindo poucos e retardando o desenvolvimento do país.