Recém divulgada, pesquisa realizada pelo Ibope para a Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que nada menos de 92% dos entrevistados em diferentes municípios do país consideram importante ou muito importante que os candidatos à Presidência da República defendam o controle de gastos. Denominado Retratos da Sociedade Brasileira, o levantamento mostra que a expectativa de apoio ao equilíbrio entre receitas e despesas no setor público fica à frente até mesmo da transparência administrativa e das políticas sociais. O resultado é promissor, por demonstrar que, com a crise, a população pode estar mais consciente da importância da estabilidade fiscal, como base para todas as ações de governo.
No mesmo estudo, os brasileiros consultados manifestam o desejo de que o futuro presidente privilegie as mudanças sociais, com melhorias na saúde, educação e segurança, além da redução da desigualdade social. As duas constatações não são excludentes, mas complementares. Os eleitores demonstram, com isso, maior conscientização sobre o quanto o equilíbrio nas contas públicas governamentais constitui pressuposto para a melhoria dos serviços públicos. Sem essa preocupação, as consequências acabam recaindo, muitas vezes, sobre os próprios contribuintes, sob a forma de deterioração de contrapartidas do Estado e de aumento de tributos de maneira geral.
Um exemplo claro do que pode ocorrer quando o rigor fiscal fica de lado é o impacto adicional gerado com o adiamento da reforma da Previdência, pela dificuldade do Palácio do Planalto de assegurar o mínimo de votos necessários no Congresso. Sem poder contar com as mudanças, o governo federal precisará de até R$ 17 bilhões adicionais no próximo ano. E, mesmo assim, corre o risco de não conseguir cumprir as determinações legais do teto de gastos em 2020.
É positivo que, num ano de sucessão presidencial, os brasileiros se manifestem majoritariamente favoráveis a um tema árido como a defesa do controle de gastos no setor público. Desde já, os pré-candidatos precisam assumir o compromisso de que não fugirão do tema, pois estarão sendo vigiados com mais profundidade pelos eleitores. A crise econômica da qual o país está custando a se desvencilhar não permite mais espaço para políticas populistas e demagógicas.