Tecnologia, educação e estabilidade política são as bases para o desenvolvimento econômico, pois sustentam os processos de inovação, a liberdade de expressão e a livre circulação de ideias e informações. Para garanti-las, temos que qualificar nossas instituições, fundamentais para determinar o sucesso ou o fracasso de um país.
As instituições políticas podem ser "extrativistas" quando se dedicam a extrair da sociedade a riqueza produzida em favor de grupos restritos e próximos do poder político, acarretando um desenvolvimento limitado e beneficiando setores corporativistas resistentes às mudanças que os prejudicam. Já as instituições "inclusivas" são pluralistas e abrangentes, livres e, tanto quanto possível, democráticas, onde há o respeito ao direito de propriedade e de iniciativa e o acesso ao sistema de justiça pressupõe que todos são verdadeiramente iguais perante a lei.
No Brasil, temos o predomínio das instituições extrativistas, com seu corporativismo político, organizadas em função dos próprios interesses e a favor das corporações dominantes. Nos países evoluídos, os cidadãos, através de ações de cidadania política, derrubaram as corporações que controlavam o poder e criaram uma sociedade em que os direitos políticos são distribuídos de maneira ampla e onde o governo é responsável, responde aos cidadãos-eleitores e a grande massa da população tem condições de tirar vantagem das oportunidades econômicas.
Esta transformação política é necessária para que uma sociedade pobre enriqueça. Há indícios de que isso esteja acontecendo no nosso país? Para tanto, precisaríamos de um movimento amplo da sociedade que provocasse transformações políticas capazes de implantar um empreendedorismo "inclusivo", em vez do "extrativista".
Carecemos de lideranças que criem as condições para mudanças e que tenham um amplo apoio da sociedade (âncora social e política) e de organizações sociais. Não é realista esperar que as mudanças ocorram só através dos partidos políticos. Os movimentos sociais ou empreendidos pelas redes sociais têm expressado o descontentamento com o status quo atual.
O Brasil necessita de profundas reformas, mas não está claro se temos disposição, capacidade política social e lideranças para realizá-las, pois as mesmas se tornam mais difíceis quando a política patrimonialista populista e corporativista se entrincheira e está bem organizada nas instituições extrativistas. O futuro do desenvolvimento do Brasil depende da qualidade e da mobilização das suas instituições, capazes de construir e suportar um sistema socioeconômico "inclusivista".