O afastamento de quatro vice-presidentes da Caixa Econômica Federal, por suspeitas de irregularidades, reforça a urgência de o Brasil adotar um princípio já difundido em sociedades desenvolvidas: a inibição de indicações políticas para o comando de empresas públicas.
As estatais brasileiras não podem continuar sendo um balcão de negócios, com cargos servindo como moeda de troca em busca de apoio no Congresso. Da maneira como acontece hoje, a escolha dos dirigentes serve para atender a interesses partidários e não, necessariamente, republicanos.
Sancionada em 2016, a Lei de Responsabilidade das Estatais, que estabelece novas regras para nomeação de diretores e conselheiros em empresas públicas, de nada serviu para inibir pressões políticas para loteamento de cargos.
A dificuldade em aplicar a lei evidencia, principalmente, a resistência das siglas partidárias em assumir a nova realidade. Enquanto o discurso para o público é de indignação e repúdio ao uso da máquina pública para fins espúrios, o que se vê, na prática, é a manutenção do modelo que deu origem a esquemas de corrupção como o mensalão e o petrolão.