Nos últimos anos, no Brasil, o número de escolas, universidades, centros universitários e faculdades cresceu absurdamente, tendo que captar cada vez mais alunos para manterem suas estruturas através da mensalidade paga por eles. Até aqui tudo normal dentro de uma lógica capitalista de investimento e de retorno, sem o qual não se consegue empreender. Entretanto, grande parte das instituições privadas passaram a enxergar a educação como se essa fosse sinônimo exato de empresa: precisa ser lucrativa, em primeiro lugar.
Nessa lógica capitalista de mercado, surgem os seguintes questionamentos: Uma escola pode ser vista como uma empresa, como um simples negócio, como outro qualquer? Fazer dispensa em massa de professores altamente qualificados, para contratar outros docentes menos qualificados, para reduzir os valores de suas folhas de pagamento, coaduna-se com a lógica de uma educação preocupada com a formação integral de seus discentes?
Uma escola pode ser vista como um simples negócio, como outro qualquer?
Esse cenário da educação atrelada à lógica empresarial, no Brasil, além de alarmante, necessita de medidas efetivas para ser modificado. Maiores investimentos em educação, remuneração de professores mais compatível com a função que exercem, bem como escolas de ensino fundamental e médio que preparem melhor o futuro acadêmico podem ser soluções em curto espaço de tempo para elevar a qualidade do ensino superior. Logo, não se justificam despedidas que não sejam ligadas umbilicalmente com a elevação da qualidade de ensino em qualquer nível ou grau. Ainda mais quando se rompem contratos de trabalho de inúmeros empregados para expandir os investimentos em novos campi ou em prédios mais modernos.
Como ressalta Nuccio Ordine, professor, filósofo e crítico literário italiano, "é preciso contestar a ideia de que as universidades sejam consideradas empresas". A missão de uma instituição de ensino não pode ser vender diplomas aos seus estudantes. Dessa forma, a educação não pode ser uma empresa, porque a lógica da educação não é a do mercado. Até por que no Brasil, se fôssemos aliar a educação à lógica empresarial, o lucro que teríamos seria um povo sem fome, sem miséria, que não servisse de massa de manobra frente aos desmandos da política governamental. Educação não é empresa.