Alguém já disse que só existem dois tipos de empresa: as que mudam e as que quebram! No mundo todo, poucas empresas se adaptam a novos desafios e se mantêm vivas e saudáveis. A maioria morre em poucos anos. Algumas fizeram uma verdadeira "mudança de sexo" e passaram a atuar em algo bem diferente do que faziam na sua origem.
Aqui entre nós, Grendene começou fabricando telas para proteção de garrafões de vinho. Não vendo futuro nisso, foi para o ramo calçadista e se tornou a maior fabricante de sapatos do Brasil. A Olvebra começou produzindo derivados de soja. Houve uma divisão e o sócio Ling criou a Petropar, produzindo têxteis, química, petroquímica, adubos e até computadores. Hoje se chama Évora, está em 10 países, fabricando garrafas PET, não-tecidos e embalagens de alumínio.
Lá fora, a Nokia começou fabricando papel e chegou a líder mundial em celulares. Não conseguiu acompanhar os concorrentes e teve que vender a divisão de celulares à Microsoft. Hoje, produz infraestruturas de telecomunicações. A Kodak foi dona do mercado de fotografia, inventou a máquina digital, mas não acreditou. Quebrou e hoje tenta se reinventar criando o "Kodakcoin" uma criptomoeda para fotógrafos e agências. A IBM, que já foi um enorme fabricante de computadores, hoje vende inteligência artificial – o Watson – entre tantos outros serviços.
As empresas que vão durar são as que se ocupam com o hoje, mas têm equipes pensando lá na frente. Têm profissionais com capacidade de desenhar futuros possíveis, cabeças em distintos espaços temporais, procurando conciliar inovação tecnológica com inovação humana. Estão sempre hackeando seu próprio negócio e prospectando o futuro. Mas, infelizmente, a maioria está apenas sobrevivendo, se ocupando unicamente em aumentar lucros, reduzir custos e melhorar processos no curto prazo. Estas terão dificuldade em se manter de pé nos próximos anos, pois estão sendo atropeladas por negócios automatizados, que eliminam intermediários, se valem de inteligência artificial, usam materiais menos poluidores, agregam mais à sociedade onde atuam.
Receio que muitas empresas brasileiras e, especialmente, gaúchas estejam nesse bloco. Quase todos os setores estão sob forte ataque de empresas menores, que fazem diferente, mais rápido, mais barato e mais simples. E têm um propósito claro para existir. Muita empresa, se desaparecer, vai ter pouca gente lamentando seu desaparecimento.