Enquanto representantes da oposição resistem a aprovar na Assembleia o pacote de medidas para reforçar o combate à criminalidade, amplia-se entre os municípios gaúchos a sensação de insegurança. A questão preocupa prefeitos, que vêm reivindicando reforços no policiamento ostensivo, e munícipes, cada vez mais temerosos diante do aumento da criminalidade. Às vésperas do recesso nos Legislativos estadual e municipais, é importante que sejam encontradas alternativas viáveis para atenuar esses temores e criadas as condições para colocá-las em prática de imediato.
Agora mesmo, pesquisa divulgada pela Associação dos Oficiais da Brigada Militar mostra que nada menos de 97% dos entrevistados temem sair à rua durante a noite em cidades como Canoas, Alvorada, Gravataí, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Esteio e Sapucaia do Sul. E o que a população mais almeja é reforço no policiamento ostensivo.
Ainda assim, no acordo com a oposição para autorizar a publicação de propostas do pacote de segurança no Diário Oficial da Assembleia, como primeiro passo para votá-las, ficaram de fora justamente algumas das providências com maior potencial para o enfrentamento da violência. Uma delas é a isenção de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para doações de veículos, armamentos e equipamentos por parte da iniciativa privada, como forma de compensar o mais sério problema enfrentado hoje nessa área: a falta de verbas no volume necessário.
O retrospecto mostra que, quando os investimentos em segurança diminuem, a criminalidade aumenta. Assegurar as verbas necessárias para o setor, portanto, é um desafio emergencial. Ainda assim, é importante que também os prefeitos tomem iniciativas para somar esforços dos municípios a essa causa. Hoje, ainda são raras as prefeituras que contam com Guardas Municipais e que dispõem de planos articulados para prevenção na área de segurança. O pacote de medidas encaminhado à Assembleia é importante, mas insuficiente para resolver todos os problemas na área de segurança, que dependem da união de todos para serem enfrentados.
Líderes políticos e comunitários precisam pressionar por ações concretas, mas também fazer a sua parte, contribuindo para que a sociedade se sinta menos desprotegida. Devolver a sensação de segurança à população é um dever de todos.