O dia 20 de novembro pode ser considerado uma representação da resistência negra contra a escravidão. A data refere-se à morte de Zumbi dos Palmares, o último líder do maior dos quilombos do período colonial, o Quilombo dos Palmares. Ainda assim, muitos questionam a necessidade da celebração da Consciência Negra. Para esses, faço um desafio: tente se colocar na nossa pele em algum dos outros 364 dias do ano.
Saiba que, segundo relatório divulgado pela Secretaria Nacional de Juventude da Presidência da República, os jovens negros são as principais vítimas da violência e têm 2,5 vezes mais chances de serem assassinados no Brasil. Também não esqueça que os dados do IBGE mostram que as mulheres negras são as que se sentem mais inseguras em todos os ambientes, até mesmo nas suas próprias casas.
Os negros vivem menos, estudam menos e moram em casas com infraestrutura pior.
Jamais esqueça que o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) trouxe à tona que um negro no Brasil ganha, em média, a metade da renda de um não negro, independentemente da região onde mora ou de sua escolaridade. Esse estudo apontou ainda que as diferenças salariais e de oportunidades de trabalho são ainda maiores nos cargos de chefia. Além disso, o trabalho dos negros está concentrado no mercado informal em postos de trabalho sem vínculo empregatício ou de forma autônoma.
Ao se colocar na nossa pele, espero, você entenderá que, apesar do mito da democracia racial, os índices de desigualdade econômica e social entre negros e brancos confirmam o grau de racismo existente no país. Os negros vivem menos, estudam menos e moram em casas com infraestrutura pior. E, antes que pergunte para que o Dia da Consciência Negra se já temos o Dia da Abolição da Escravatura, perceba que o dia 13 de maio de 1888 não nos colocou como protagonistas da nossa própria história. Ao contrário, os escravos foram abandonados à própria sorte, sem qualquer assistência ou forma de inserção digna na sociedade. Os reflexos do passado estão presentes até hoje e, talvez, caso exercite a alteridade, nem precise se colocar na nossa pele para perceber esse abismo social.