Em resposta oficial ao meu artigo Como Rasgar Dinheiro Público, de 30/10/2017, na ZH, o governo do RS criticou projeções negativistas e me acusou de interesses particulares. A ex-presidente Dilma Rousseff acusava seus críticos de pessimismo, agora, o governo gaúcho fala em negativismo. Ambos negam a realidade e atacam os críticos da mesma forma.
Quem parece negativista é o governo que pretende vender as ações do Banrisul, maior ativo do Estado, abaixo do seu valor patrimonial na pior venda de ações do sistema bancário brasileiro, conforme apontei no artigo com dados técnicos e não com discurso político. Se o governo contesta os argumentos, que aponte dados diferentes e guarde a retórica política para a campanha eleitoral.
O "interesse particular" do qual o governo gaúcho me acusa é o interesse em que o Estado obtenha o maior valor na venda do seu principal ativo. Apenas nessa operação poderiam ser arrecadados R$ 2,5 bilhões a mais se as ações fossem vendidas pelo mesmo múltiplo que a venda parcial no governo Yeda, como demonstrei no artigo anterior. Em caso de privatização, apenas as 128 milhões de ações dessa operação poderiam valer mais R$ 4 bilhões. O tempo dirá quem está com interesse particular: eu ou o governo com viés eleitoral tentando saídas rápidas, ineficazes e destruidoras de patrimônio público.
Há algum tempo, vinha afirmando em meus artigos que o governo blefava ao dizer que estava próximo de aderir ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF). Isso se confirmou com o parecer da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), que afirmou que o RS não está apto à adesão ao RRF.
Na análise feita pela STN, foi apenas verificado se os documentos entregues atendiam aos requisitos da lei do RRF. Neste momento sequer foram analisadas as projeções fiscais que o RS incluiu no plano, que são fundamentais para sua aprovação. As projeções apresentadas pelo governo gaúcho são completamente fantasiosas, principalmente por incluir montantes absurdamente elevados de ressarcimento da Lei Kandir.
Desesperado, o governo gaúcho espera, agora, uma ajuda política do ministro Eliseu Padilha para passar por cima da lei do RRF. Sartori quer ajuda da União, mas não abre mão de continuar maquiando as despesas com pessoal e fazendo projeções irrealistas para o desempenho fiscal do Estado. Cada vez fica mais claro que nossos políticos vivem em um mundo mágico.