Além de figurar como o sétimo Estado em número absoluto de homicídios, depois de registrar uma elevação de 8,9% de 2015 para 2016, o Rio Grande do Sul aparece como o segundo em número de chacinas no período, atrás apenas do Rio de Janeiro. Em Porto Alegre, com um aumento de 21,7% nos casos de homicídios na mesma época, a situação só não é mais grave que a do Rio de Janeiro e de Fortaleza. Os dados demonstram o quanto a combinação de descaso histórico nas políticas preventivas de segurança com a crise nas finanças públicas pode levar a um quadro explosivo no âmbito da criminalidade, impondo medo generalizado.
Os gaúchos têm direito a um cotidiano de mais segurança e menos medo.
Incluídos na mais recente edição do Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os dados estão em consonância com a realidade nacional. No último ano, o país registrou o maior número de homicídios da história. Houve também um aumento de 58% no total de latrocínios nos últimos sete anos, em âmbito nacional, boa parte deles associados a mais registros de crimes contra o patrimônio. A gravidade da situação nacional não serve de consolo para o Estado, onde o temor de perder a vida em circunstâncias violentas é cada vez mais justificável.
O governo gaúcho tem feito o possível dentro das condições disponíveis, incluindo as financeiras, para enfrentar o avanço da criminalidade. A entrada em funcionamento da Penitenciária de Canoas, como alternativa para retirar presos em condições provisórias, é uma demonstração desse esforço. Mas é pouco. Violência nesses níveis exige ações mais efetivas, que são lembradas apenas quando há um fato incomum, como a divulgação de um levantamento como esse, para logo depois cair no esquecimento.
Os Estados não têm condições de agir como deveriam. É preciso que também o governo federal faça mais do que vem fazendo. Brasília segue devendo um plano nacional de segurança, e sua participação não pode se limitar à atuação da Força Nacional, que ajuda a reduzir a sensação de desproteção, mas não faz milagre. A estabilidade nos números registrada até agora acabou contribuindo de alguma forma para retardar as tentativas de solução. Com o agravamento das estatísticas, a necessidade de uma atuação coordenada em âmbito federal e estadual torna-se urgente.
O Rio Grande do Sul não pode se conformar com níveis de criminalidade que mantêm a população amedrontada, limitam seu direito de ir e vir e comprometem a qualidade de vida. Os gaúchos têm direito a um cotidiano de mais segurança e menos medo.