É louvável e corajosa a atitude da escritora gaúcha Clara Averbuck denunciando ter sido violada. Infelizmente, por razões que fez questão de apontar, e são ponderáveis, a vítima optou por não registrar a ocorrência, o que é comum no país. Ainda assim, a decisão de denunciar publicamente o crime é um gesto importante para reforçar a rejeição social da violência. É preciso que mais vozes, femininas e masculinas, reforcem o coro contra um número tão elevado de casos de agressão à mulher, dando margem a uma transformação cultural que inspire mais respeito às pessoas de maneira geral.
Está certa a escritora em alertar que a culpa nunca é da vítima, pois essa inversão de responsabilidades segue comum. Diante da repercussão do fato, registrado em São Paulo, o Uber agiu prontamente, banindo o profissional de seus quadros. Ainda assim, é inadmissível que um motorista de aplicativo com o perfil do agressor só tenha sido desmascarado e punido depois de praticar crime tão abjeto contra um ser humano. E são particularmente deploráveis as grosserias endereçadas à vítima nas redes sociais pela coragem demonstrada ao expor o caso.
Comportamentos assim só reafirmam o quanto é importante denunciar continuamente essa cultura machista, até que toda a sociedade passe a dedicar apenas rechaço a crimes como estupro e outros tipos de violência contra a mulher. A educação, não apenas na escola, mas principalmente dentro de casa, é a chave para se alcançar um estágio civilizatório com base no respeito a todo ser humano.