* Repórter de trânsito da Rádio Gaúcha
Eu nem era repórter de trânsito quando a principal via de acesso e saída de Porto Alegre se chamava Castelo Branco. Entrei no meio quando, no rádio, tínhamos que falar "Avenida da Legalidade, antiga Castelo Branco", para os ouvintes identificarem de qual via estávamos nos referindo.
Esse embrulho todo começou em 2014, quando a Câmara de Vereadores decidiu mudar o nome da Castelo Branco para Legalidade. A ala do PSOL alega que a principal via da capital gaúcha não pode ter o nome de um membro da ditadura militar. Desde então, parlamentares do PP lutam na Justiça apontando irregularidades durante a votação do projeto.
Três anos depois, setembro de 2017 começa com uma nova reviravolta no caso Castelo Branco x Legalidade: o Tribunal de Justiça acatou o pedido dos progressistas e determinou a mudança, novamente, do nome da avenida.
O meu questionamento é: vocês acham mesmo que a denominação é o principal problema da avenida que mais registra congestionamentos na Capital? Durante as tardes na Rádio Gaúcha, o nome "Legalidade" é o mais citado nos meus boletins, acompanhado sempre da palavra lentidão e seus sinônimos.
Parece que ninguém do setor público está interessado em acabar ou amenizar os problemas no trânsito da porta de entrada e saída da principal cidade do Rio Grande do Sul. Parece que nenhuma autoridade enxerga que, além do grande número de veículos, os congestionamentos na via, no sentido Capital-Interior, são formados porque o fluxo de seis pistas desemboca em apenas três - uma duplicação não seria válida, portanto?
Se esse não é o principal problema da Castelo Branco/Legalidade, sugiro acabar com a polêmica e cravar, de uma vez por todas, o nome Avenida da Lentidão. Porque é isso que o motorista, morador ou não de Porto Alegre, enfrenta todo santo dia.
Se eu fosse Humberto de Alencar Castelo Branco ou Leonel de Moura Brizola, estaria me revirando no caixão neste momento.