*Jornalista e consultor
Todos os dias recebemos notícias de novas e disruptivas tecnologias que mudam radicalmente a vida de pessoas, alteram o rumo de empresas e tornam a vida de muita gente mais fácil, rápida, barata. Mas não são todos os beneficiados. Fala-se pouco no lado perverso disso: a quantidade enorme de pessoas que perdem seus empregos, todos os dias ou, ainda pior, perdem suas profissões.
Em um determinado dia acordam e sua profissão deixou de existir. Foi substituída por uma máquina, um robô, um computador, um algoritmo, por inteligência artificial. O que essas pessoas sabiam fazer não serve mais para nada, ninguém mais quer contratá-las.
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É claro que, com o desenvolvimento do mundo, sempre houve isso. A máquina a vapor desempregou gente. O carro tirou emprego do cocheiro da carruagem, o trator tirou emprego de quem mexia na terra. A questão agora é que a quantidade de desempregados é de uma proporção infinitamente maior.
O desafio é como "reciclar" pessoas para novas atividades, sabendo que estão desaparecendo milhões de empregos na base da pirâmide, e surgindo novos, em quantidades bem menores e com altíssima qualificação no topo, onde muitos desses "sem profissão" não terão condições de se adaptar e reaprender outras atividades, porque são atividades com muito mais tecnologia do que estavam acostumados.
Nos próximos anos, tudo que é repetitivo vai ser trocado por máquinas.
Milhões de motoristas, de corretores de imóveis, de operadores de call center, tradutores, caixas, secretárias, frentistas de postos, vendedores de todos os tipos, corretores de seguro, agentes de viagens, varredores de rua, limpadores de piscinas, jardineiros se tornarão "inúteis".
Não haverá mais esses empregos. O que fazer?
Uma das saídas é o empreendedorismo. Montar seu próprio negócio com os tantos nichos e novas necessidades/profissões que vão surgir. Outra é o chamado imposto negativo. Quem não tem renda, ganha algo do governo. Uma espécie de Bolsa Família. Alguns países como Canadá e Índia já estão experimentando isso.
A grande discussão, ainda por ser feita, é o lado humano da tecnologia: o que ela traz de benefícios, o que traz de problemas para a sociedade. O ser humano primeiro. Já que não dá para parar os avanços tecnológicos, como conciliar os avanços que facilitam a vida com a ocupação e geração de renda para milhões de pessoas no mundo?