* Juiz de Direito aposentado
Há anos reina a antipatia geral pelo período chamado eleitoral.
Durante ele, reina a chatice das promessas mirabolantes dos candidatos, dos falsos projetos que oferecem e da pobreza cultural de conteúdo.
A maioria da população opta por mudar os hábitos, gastando o tempo do horário político com outras ocupações.
Eu não fugi à regra e de tanto evitar a chatice dos programas obrigatórios acabei por enfrentá-los, pois algo me instigava a curiosidade sobre o que havia de útil.
Particularmente, chamava-me a atenção mais o fato do aumento das denúncias recíprocas de corrupção, especialmente reveladas apenas durante o período eleitoral, envolvendo protagonistas de todos os cenários: federal, estadual e municipal.
Basta iniciar o chamado período eleitoral e já começa o que podemos denominar de lamentável "guerra de bugios", com partidos e candidatos lançando verdadeiros "petardos escatológicos", uns contra os outros.
Primeiro pensei que fossem fatos ocasionais, mas com o passar do tempo fui observando que eram comportamentos sistemáticos e cada vez mais intensos, ao ponto de os escândalos trazidos à tona se agigantarem e atingirem um número cada vez maior de "figuras públicas".
É óbvio que chegamos aos tristes episódios denominados "Mensalão", "Lava-Jato", "Zelotes" e outros tantos não menos significativos.
No começo, era divertido ser espectador daquela verdadeira "guerra de bugios", mas à medida que o tempo foi passando e as "cafajestadas" foram sendo reveladas, o cheiro do ar já não era o mesmo e resultou que tomou conta de tudo, ao ponto de impregnar a atmosfera da nação com um "odor fétido" que atingiu a todos. Até os que nunca cometeram alguma ilicitude acabaram atingidos na "honra cívica" pela traição da confiança que depositaram nos políticos em que votaram.
Digo isso por que ouço muitas pessoas dizerem, constrangidas, que têm vergonha cívica e vergonha de serem brasileiros. Venho percebendo, desde então, uma crescente depressão do civismo, explicada em parte pela desesperança e pela descrença quanto à volta à decência e à honradez, atingindo não só aos mais maduros como, principalmente, aos jovens ainda em formação intelectual.
Qualquer pesquisa que se faça, obviamente, irá concluir que a maioria dos jovens abomina a política e ainda denomina a maioria dos políticos de inconfiáveis e oportunistas, para não se usar outros adjetivos.