A palavra "hacker" causa arrepios em muita gente. Na cabeça da maioria das pessoas, o hacker é um criminoso, alguém que entra, sorrateiramente, nos computadores de hospitais, governos, empresas, na nossa vida, causando grandes danos, roubando dados ou parando tudo.
Claro que isso também existe. Mas não é bem assim. Hacker é alguém que conhece tão bem o "sistema" que consegue (re)utilizá-lo de maneiras diferentes das intenções originais. No mundo VUCA – volátil, incerto, complexo e ambíguo – que vivemos, é preciso ter a mentalidade do hacker. Quem não hackear constantemente sua vida pessoal, profissão e sua empresa, corre o sério risco de ficar obsoleto.
Nos últimos cem anos, quase tudo mudou. Mas as escolas ainda se organizam com os alunos sentados uns atrás dos outros, em salas niveladas por idades. O grande professor Fernando Becker pergunta: "qual a teoria psicológica ou pedagógica que diz que a criança, ou o adolescente, aprende melhor com os da mesma idade?" Felizmente, muitos já hackearam as escolas tradicionais e hoje já temos no mundo escolas onde os alunos são protagonistas, e não os professores. Onde se debate o tempo todo e os conteúdos cada um busca antes, em qualquer lugar. Colocam os alunos para trabalhar, experimentar, cooperar, pesquisar. E não para ficarem sentados, esperando para serem ensinados (adestrados?).
Para não ficar nos clássicos Uber x Táxis, Instagram x Kodak, AirBnB x hotéis, Netflix x TVs, Spotify x rádios, lembro que o WhatsApp hackeou e acabou com o SMS. Os aplicativos de tele-saúde, como o Dr. Consulta, competem com médicos e planos de saúde. Milhares de aplicativos de pagamentos e cartões tiram clientes dos grandes bancos. Aplicativos de namoro, como o Tinder, mudaram o jeito de conhecer pessoas: em vez de ir num bar "caçar", busca pelo aplicativo. O Decolar hackeou as agências de viagens. Os "supermercados" online não têm lojas, apenas warehouses (depósitos), de onde sai tudo. E a Amazon, o maior exemplo disso tudo, mudou o sistema de logística e está hackeando o mundo! E aí, vai se hackear ou vai ficar esperando que alguém faça isso nas suas relações, profissão, empresa?