* Presidente do Sistema Fecomércio-RS
Desde que o governo Temer assumiu, instalou-se um clima de maior otimismo ou de, no mínimo, menos pessimismo. O que alguns classificaram como uma "pinguela" para 2018 surpreendeu positivamente: uma equipe econômica confiável com uma agenda de ajuste das contas públicas, uma política monetária comprometida com o controle da inflação e uma série de acertos microeconômicos (que para muitos passam despercebidos) começavam a constituir um cenário mais promissor.
Parecia que se consolidava o fim das desventuras em série dos últimos anos, enterrando-se a imagem do "Estado Indutor da Economia", que nos afundou numa crise que derrubou o PIB em 7,2% e destruiu mais de 2,8 milhões de empregos formais em dois anos. Instalava-se um governo com um perfil reformador. Algo tão necessário e tão esquecido pelos nossos políticos. O resultado foi o esperado: a bolsa subiu, o dólar caiu e multiplicavam-se as avaliações de que estávamos deixando a recessão para trás.
A economia timidamente dava sinais de que o voto de confiança dado pelo mercado tinha razão de ser. O PIB brasileiro, depois de oito trimestres seguidos de queda na margem, registrou no primeiro semestre de 2017 crescimento de 1%. Ainda que motivado pela agropecuária e pelo setor externo, o resultado mostrou uma reversão. Apesar do mês curto e da greve geral, abril foi positivo para o varejo e revelou crescimento na margem dos serviços.
O Caged apresentou um número positivo, que se repetiu em maio. A retomada se mostrava frágil, mas, sem dúvida, ensaiávamos a recuperação. Aos poucos, o rumo seria retomado, era só a política não atrapalhar a economia. Entretanto, no dia 17 de maio um novo capítulo da crise política se iniciava.
Há alguns dias, ouvi um analista dizer que "o Brasil foi atingido por uma bala perdida" ao se referir aos efeitos das delações da JBS sobre a economia. Pensei quase que instantaneamente: bala perdida também mata! A efetivação das reformas é condição sem a qual não se pode pensar em um Brasil que tenha um crescimento potencial de mais de 2% a.a. A crise política não pode matar a recuperação. Resolvam-se, logo! Temos pressa, especialmente os milhões de desempregados.