* Médico e professor
Recomendo a leitura de A Revolução dos Bichos, do inglês George Orwell, um livro publicado em 1945, no fim da Segunda Grande Guerra, tempo em que se vivia a separação dos blocos capitalista e socialista. O autor cria uma fábula, na qual é deflagrada uma revolução dos animais de uma fazenda, liderada por porcos, contra seus donos humanos.
A tal "revolução dos bichos" acaba por impor um regime tão opressivo quanto o anterior, dominado por humanos. O porco líder, Napoleão, torna-se obcecado pelo poder e abandona seus ideais revolucionários, levando à ditadura dos porcos e exploração dos outros animais.
Esquecem-se princípios e o respeito às regras de convivência. Como os humanos, os animais também revelam memória curta. E deixam para trás os pactos e promessas que levaram à revolução. Instala-se, assim, um regime baseado em egoísmo, corrupção e autoritarismo.
Segundo o Aurélio, zoantropia é uma perturbação mental na qual o doente se acredita convertido em um animal. Licantropia, por sua vez, é o termo utilizado para o caso de a metamorfose dar-se do homem para o lobo.
É curioso que, entre os mediúnicos, licantropia pode também significar a incorporação de um espírito criminoso em outra pessoa, levando-a a um comportamento semelhante ao do animal, no caso, o lobo. Dizem que vem daí o termo lobisomem.
Mais raro é o doente mental que se imagina um cachorro. É a cinantropia. Abuso da paciência do leitor com essas definições, pela simples razão de que tenho observado mudanças preocupantes na expressão facial e postura física de muitos de nossos políticos.
Talvez me equivoque, mas reconheço neles fortes indícios dessa enfermidade. Do contrário, poderiam estar possuídos pelo espírito de algum delinquente, com quem tenham se envolvido no passado. O fato é que agem como cães acuados.
O interessante é que em A Revolução dos Bichos, os porcos de Orwell, por fim, "humanizam", passando a andar sobre duas patas. Desta forma, traem um de seus mandamentos revolucionários, que dizia "quatro patas é bom, duas ruim". Em Brasília, dá-se o oposto. Há políticos que abanam o rabo, enquanto outros mordem a perna do dono.