A competitividade de um país na economia globalizada depende da sua capacidade e eficácia nos processos de inovação. O Brasil discute as reformas trabalhistas e da Previdência, mas estas ainda são insuficientes para que possamos vir a ser uma nação desenvolvida. Muitos outros temas precisarão ser reformados, como o processo de inovação e de desenvolvimento tecnológico, fator crítico de competitividade e onde estamos mal posicionados. O indicador de inovação Global Innovation Index 2017 coloca o Brasil na 69ª posição entre 127 países analisados. Já o Índice Global de Inovação, calculado pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual, nos põe em 58º lugar. No ranking da geração anual de patentes, estamos na 19ª posição, com 41.453 patentes, atrás do principado de Mônaco e dos demais países do Brics. Os EUA, como primeiro colocado, gera 2,2 milhões de patentes.
Outro agravante é a nossa burocracia: o tempo médio de resposta do Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (Inpi) chega a 11 anos. A geração de tecnologia e de inovação é um processo pouco internalizado nas empresas e as universidades e entidades de pesquisa estão desarticuladas do desenvolvimento de tecnologias dos clusters econômicos. Desconhecem a cultura da inovação, produzindo muitas teses que não se traduzem em patentes. Nos EUA, 80% dos pesquisadores estão nas empresas e só 15% em instituições de ensino. Na Coreia, no Japão e na Alemanha, 75% estão no setor privado. No Brasil, apenas 10% dos cientistas e especialistas trabalham nas indústrias com inovação, conjuntura que se agrava se considerarmos a falta de engenheiros. Temos apenas 2,8 engenheiros para cada 100 mil habitantes. O Japão possui 17, os EUA, 9,5 e a China, 13,8. No caso dos cientistas, o Brasil possui 60 mil e os EUA, um milhão.
Uma das megatendências na economia globalizada é a migração de especialistas atraídos para ambientes que favoreçam a inovação e o crescimento profissional. O Brasil começa a ser impactado por esta tendência, principalmente com a evolução das plataformas orientadas pela Inteligência Artificial, Machine Learning, Big Data Analytics, etc., e pelas oportunidades inovadoras associadas. A inserção da inovação também se reflete nas exportações brasileiras, onde 40% são commodities primárias de pouco valor agregado e só 18% são produtos de média e alta intensidade tecnológica, contra 46% da China. Para sermos um país desenvolvido, teremos que, necessariamente, internalizar processos eficientes de incentivo à inovação tecnológica como parte das nossas políticas públicas.