* Licenciando em Filosofia e servidor público de Novo Hamburgo
Diante da crise ética atual presenciada no campo da política, precisamos ajustar nosso foco de visão para não cairmos na "Ilusão de Ética". Pois, o que vemos no cenário político brasileiro, em discursos e ações de alguns de nossos representantes, são truques e miragens, com o propósito de ludibriar nossa capacidade de enxergar ao tentarem validar uma atitude incorreta como sendo válida.
O conceito original de ética nos remete à Grécia antiga, onde o seu uso era indissociável ao da Política. O rompimento teórico surgiu no século 16 com o filósofo Nicolau Maquiavel, melhor descrito em sua obra O Príncipe. Onde descrevia que, para o governante alcançar seus objetivos, qualquer ação era permitida.
No Brasil, nossos políticos normalmente se apresentam como aqueles que estão acima de qualquer suspeita, e, ao serem surpreendidos e flagrados em situações controversas, partem para o relato de que estão sendo perseguidos, ou ainda, mesmo diante das evidências alegam nada saber, não se igualando ao filósofo Sócrates, que dizia "Só sei que nada sei", mas, se aproximando da má fé maquiavélica.
Frequentemente, vemos aquele político defender a construção de uma grande obra, alegando proteger o bem social, e que de fato seria. O que é sonegado nesse caso é o acerto com os empresários, que passada a licitação lhe dará uma boa propina como forma de "agradecimento". Logo, temos aí um exemplo da Ilusão de Ética, onde o que em discurso parecia ser uma coisa boa na prática se revelará o oposto.
O grande problema é que diversos políticos sabem na teoria o que seria ético dizer, inclusive aplicam em seus discursos propagandistas. Contudo, sabem também como separar a teoria da prática.
Portanto, se faz preciso aguçar nossa visão e melhorar nossa percepção, ajustando nosso foco para que não sejamos atingidos pela miopia ética e, pelo estrabismo ideológico que embaça nosso potencial de enxergarmos além da realidade das falas e dos fatos.