Pior do que os resultados da mais recente avaliação do ensino público gaúcho – e eles são decepcionantes – é a constatação de que esse tipo de levantamento, dispendioso para os cofres públicos, tem conclusões que se repetem, mas não levam a ações efetivas. Desta vez, a Secretaria Estadual da Educação (Seduc) se compromete a encarar as conclusões do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Rio Grande do Sul (Saers) como ponto de partida para ir às causas do problema e enfrentá-lo. Mas é preciso que seja cobrada a fazer realmente isso, para não voltar mais à frente com os mesmos resultados, provavelmente agravados, sem qualquer estratégia para corrigir as deformações.
Se as deficiências são as mesmas e apenas se agravam a cada novo levantamento, é porque a comunidade escolar e o poder público não têm usado os resultados desses estudos de forma mais pragmática, com a intenção de corrigi-las. O descaso ajuda a entender por que o percentual de alunos com habilidades consideradas avançadas em português e matemática não passa de 5% no 2º ano do Ensino Fundamental e no 1º ano do Ensino Médio. E, também, por que quanto mais progridem de uma série para outra, menos conseguem absorver satisfatoriamente os conteúdos nessas disciplinas.
Não é por desconhecimento das razões, pois são antigas, que a situação se repete, comprometendo o futuro de tantas gerações. Crianças sem acesso à educação infantil, de responsabilidade dos municípios, tendem a enfrentar mais dificuldades pela frente. No caso dos jovens, a situação se agrava por ficarem expostos a percalços, comumente relacionados à evasão, que vão desde a gravidez precoce até o uso de drogas, passando pela necessidade de trabalhar para reforçar a renda familiar. São essas causas – associadas à desmotivação dos professores, por questões de remuneração e qualificação – que deveriam merecer mais atenção nas políticas educacionais.
Um dos nós do ensino – reafirmado no balanço realizado em 2016, basicamente na rede estadual – é a total falta de preparo dos alunos para enfrentar a difícil passagem entre o último ano do Fundamental e o primeiro do Ensino Médio. Essa é uma das questões que se repetem a cada levantamento. Diagnósticos na área educacional não podem se limitar a apontar falhas, indefinidamente. É preciso que contribuam para corrigi-las.