* Presidente da Isma-BR e copresidente na Divisão de Saúde Ocupacional da Associação Mundial de Psiquiatria
O estresse é parte da vida desde o nascimento. Ele pode ser uma mola propulsora ao crescimento ou um gatilho para o adoecimento. No entanto, o aumento do desemprego, a turbulência política e as sequelas da crise financeira estão fazendo com que ele alcance níveis alarmantes. Frente aos problemas que assolam o país, os profissionais veem suas forças físicas, emocionais e mentais se esvaírem, causando problemas cardíacos, depressão, transtornos do sono e ansiedade. Segundo estudos da Isma-BR (International Stress Management Association no Brasil), 32% dos trabalhadores no país são vítimas da síndrome do burnout ou esgotamento profissional (nível devastador de estresse).
Os trabalhadores brasileiros têm apresentado sintomas que comprovam o desgaste. Na pesquisa da Isma-BR, 88% dos entrevistados afirmam sentir dores musculares, 89% estão ansiosos e 63% estão consumindo álcool como forma de se anestesiar do sofrimento. Para eles, o fator mais estressante é a incerteza em relação ao futuro e a falta de reconhecimento no trabalho.
E aí se questiona: como preservar a saúde física e mental enfrentando tantas pressões? Diante dessa pergunta, o engajamento surge como uma proteção contra esses efeitos negativos, possibilitando que o trabalhador sinta-se confiante em suas habilidades e capacitado para dar seguimento à sua carreira.
Os executivos e profissionais começam a despertar para a importância da tomada de medidas eficazes para a prevenção do estresse e a manutenção da saúde. Ainda tímido, começa-se a notar um crescente interesse dos gestores em atuar de maneira pontual na redução de ambientes hostis e extremamente competitivos reduzindo assim a incidência de burnout.
Já que o estresse é parte da nossa vida, queremos aprender a lidar com ele com eficiência. Essa decisão deve partir tanto dos profissionais quanto das empresas, sob pena de continuarmos pagando um alto preço ao nível da saúde do trabalhador e da redução da produtividade e do resultado das empresas.