* Senadora PP-RS
A sociedade acompanha, perplexa, a crise política e institucional que recrudesceu nas últimas semanas, ameaçando contaminar a economia, que apresentava sinais visíveis de recuperação. Não é mais possível protelar decisões que precisam ser tomadas para garantir um mínimo de normalidade ao cotidiano dos brasileiros. É preciso acelerar a retomada do crescimento econômico e produzir o círculo virtuoso que resulte em desenvolvimento sustentável, reduzindo o grave problema social provocado pelo desemprego. Hoje são mais de 14 milhões de brasileiros na informalidade. O governo Temer está com poucas condições políticas, indispensáveis para garantir a governabilidade. Aos desacertos políticos se somam graves denúncias que vieram à tona, envolvendo a figura do próprio presidente e de assessores muito próximos. O resultado é um governo fragilizado, acumulando impopularidade, como atestaram recentes pesquisas de opinião.
A saída honrosa para Temer e a solução mais rápida para o impasse seria a renúncia. Porém, essa saída foi descartada pelo presidente. Portanto, entendo que, agora, a alternativa pode ser o julgamento do TSE, se favorável à cassação da chapa Dilma-Temer. Esse julgamento está pautado para hoje, 6 de junho. Mesmo que não se possa pressionar ou influenciar a Justiça, expresso a convicção de que um julgamento rápido pode, sim, contribuir para aliviar a tensão no país, provocada pela crise.
É evidente, também, que não se pode exigir da Justiça que desate os nós apertados dessa aguda crise política. A manifestação célere do TSE, nesse julgamento, entretanto, dará rumo às providências constitucionais e eleitorais que deverão ser tomadas na sequência.
Essa seria, sem dúvida, a resposta mais adequada, porque respeitaria o rito constitucional. Como bem destacou recentemente a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, "ou o Brasil se salva com a Constituição ou vamos ter mais problemas". Acredito que o desfecho da crise política precisa ser balizado pelo respeito à Constituição e não com o atalho sonhado pela oposição. A pressa não é da classe política, apenas. A pressa maior é de 14 milhões de desempregados no país, que não podem ficar contemplando o agravamento da crise.