Sobram problemas para uma administração com o caixa vazio como a de Porto Alegre, mas, entre as questões emergenciais – ao lado dos congestionamentos de trânsito, do mau estado de conservação de ruas e calçadas –, está a precariedade da iluminação pública. Reportagem com base em reclamações do aplicativo Pelas Ruas, publicada em Zero Hora, constatou que circular à noite é cada vez mais um ato de coragem da população. A prefeitura pretende enfrentar a questão por meio de parceria público-privada (PPP), uma forma adequada de contornar a falta de recursos públicos. Mas essa é uma alternativa que demora para ser viabilizada, e alguma providência precisa ser tomada antes, pelo menos para atenuar o problema.
No cotidiano, a escuridão amplia o risco de acidentes em vias e passeios públicos, mas principalmente a sensação de insegurança. Isso porque, como revelou a escritora Martha Medeiros em recente crônica, há "um poste de luz aqui, outro acolá, e no espaço entre eles, não sei, não dá pra ver", levando-a a concluir: "Porto Alegre, depois que o dia cai, é mais que noturna: é soturna".
Faltam lâmpadas, as que existem em geral iluminam pouco e muitas delas estão encobertas pelas copas de árvores. Em alguns pontos da cidade, frustrados com os resultados do que pagam como taxa de iluminação pública, os responsáveis por prédios residenciais e comerciais partem para a improvisação. Muitos deles vêm arcando com o custo da instalação e manutenção até mesmo de refletores voltados para as ruas. Mas é pouco para resolver um problema que é da competência do poder municipal.
Não é de hoje que, por conta de descasos crônicos com a questão, a Capital mergulha toda noite num verdadeiro breu. Nem por isso, os porto-alegrenses podem continuar se conformando com a ideia de conviver indefinidamente numa cidade alegre no nome, mas às escuras.