O depoimento de Lula a Sergio Moro expôs ainda mais o emaranhado de contradições que envolve o triplex de Guarujá. O ex-presidente optou, mais uma vez, por politizar a questão, colocando-se como vítima da imprensa, dos empreiteiros e dos adversários – os mesmos que, até bem pouco, recebiam elogios e carinhos dele e da sucessora Dilma Rousseff.
Estrategicamente, Lula abriu mão de uma oportunidade para aproveitar uma outra. A de reafirmar um discurso que agrada a seus seguidores e, com isso, garantir o apoio cenográfico produzido nas ruas de Curitiba.
Lula não explicou quase nada. Insistiu na tese de que dona Marisa, morta em fevereiro deste ano, é quem teve as iniciativas referentes ao obscuro negócio de Guarujá. Apesar da inconsistência da argumentação, manteve-se fiel ao papel que inventou para si mesmo: o de defensor dos pobres perseguido pelos poderosos. Papel esse que, de acordo com pesquisas recentes, ainda convence uma fatia expressiva do eleitorado brasileiro.