Numa democracia, ninguém pode ganhar no grito. Foi o que tentaram os agentes penitenciários que protagonizaram, ontem, mais um episódio lamentável de violência no Congresso Nacional. Insatisfeitos com a perspectiva de não receberem o benefício da aposentadoria especial, representantes da categoria derrubaram grades e um detector de metal. Foram além na insanidade: invadiram a reunião da comissão que debatia o tema. Gás de pimenta e bombas substituíram o que deveriam ser debates e votações.
Tão grave quanto o fato, é a reação tímida a ele. Estamos anestesiados diante do esfarelamento da representação política decadente e dos sucessivos escândalos de corrupção nas esferas pública e privada. Nesse contexto, o inadmissível passa a ser normal.
O passado deveria ter nos ensinado. É fundamental resistir à barbárie antes que ela se torne avassaladora. A democracia tem ferramentas para isso. Quando falta o bom senso, a lei é o freio que separa a civilização da selvageria. Nessa área, não pode haver concessões.