A intenção do governo federal de intensificar a ênfase às reformas econômicas, colocando-as em votação justamente na semana em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidirá sobre seu futuro político, revela-se um risco desnecessário. Reformas como a trabalhista e a previdenciária são importantes e mesmo imprescindíveis não para o governo, mas para o futuro imediato do país. Não podem, portanto, se transformar em instrumento para uso de acordo com conveniências políticas.
A persistência e o agravamento da crise política e econômica vêm impondo um custo alto demais para os brasileiros, que vai muito além do já elevado contingente de desempregados, a cada dia maior. Uma das consequências do fato de o presidente Michel Temer ter sido envolvido nas denúncias do empresário Joesley Batista foi uma piora ainda mais acelerada nas expectativas econômicas, que já eram ruins. Projeções divulgadas ontem pelo Banco Central indicam taxas maiores de inflação e de juros, ao mesmo tempo em que as estimativas de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) se mostram ainda menores.
Nesse contexto a cada dia mais difícil, reformas como a trabalhista e a previdenciária são de interesse do país, não de um ou outro governante. A aprovação das mudanças não pode ser vista como sinal de força do governo, nem ser usada para medir força entre poderes, instituições e partidos, mas, sim, como uma necessidade para o país debelar a crise e se reencontrar com o crescimento.
Associar um debate dessa importância a interesses pessoais é pôr em risco a própria viabilidade das reformas. O resultado deve ser um agravamento da crise, jogando os efeitos sobre quem tem menos condições de se defender.