Só o descaso histórico em relação à destinação de dinheiro público, num Estado às voltas com finanças caóticas, pode explicar a manutenção pelo poder público, ainda hoje, de 1,2 mil imóveis funcionais, em alguns casos usados até mesmo de graça por servidores gaúchos. O levantamento, divulgado por por Zero Hora com base na Lei de Acesso à Informação, serve de alerta para que o governo gaúcho enfrente de vez essa deformação. O dinheiro desperdiçado dessa forma deve ser usado para áreas que o Estado não vem conseguindo atender de forma razoável.
Passou o tempo em que, por falta de rodovias e de locomoção, funcionários enfrentavam dificuldade para se deslocar até o trabalho e em que gestores públicos pouco ligavam para rigor fiscal. Não por acaso, em sua maioria, essas construções datam do século passado, e estão associadas a um padrão de governo paternalista. Mesmo assim, e apesar da falência desse modelo, a deformação não apenas persiste como até se amplia por falta de vontade de enfrentá-las. Chega ao cúmulo de alguns moradores de residências custeadas pelos contribuintes sequer pagarem aluguel ou tarifas.
Um governo que não tem recursos para manter escolas nem para aumentar o número de vagas nos presídios não pode continuar permitindo esse tipo de anomalia. Não é apenas o valor desperdiçado que precisa ser levado em conta – no caso elevado e injustificável –, mas a necessidade de dar exemplos de austeridade.