* Presidente da CUT-RS
Até ontem, Temer se gabava de ter colocado o país nos trilhos. A máscara caiu. As instituições que sustentam a República faliram. O Estado brasileiro não pode continuar sendo gerido como um balcão de negócios para locupletar a iniciativa privada. Empresários: deixem de se comportar como aves de rapina, comprando votos para aprovar medidas que facilitem a sonegação, o perdão de dívidas e vantagens espúrias. Parem de financiar campanhas políticas para depois cobrar a fatura através de orçamentos superfaturados e licitações arranjadas.
As elites brasileiras estão acostumadas a resolver crises políticas em gabinetes. Desta vez, não sairemos do fundo do poço sem uma repactuação que inclua os trabalhadores. Convençam-se de uma vez por todas: não construiremos um país moderno com as portas do Congresso Nacional sitiadas por baionetas. Boa parte dos parlamentares não possui autoridade moral para encaminhar a solução desta crise. A melhor forma de honrar a Constituição é devolver a soberania ao povo brasileiro. Por isso, defendemos eleições diretas já.
A repactuação precisa ser sedimentada em torno de algumas diretrizes. A primeira delas é o aprofundamento da democracia. Nenhuma decisão de grande importância pode ser tomada sem o povo. Precisamos utilizar os instrumentos da participação direta, como referendos e plebiscitos. Só assim recuperaremos o sentido da política.
Devemos cerrar fileiras em torno da retomada do crescimento econômico com geração de empregos. Os 14 milhões de desempregados não podem esperar até 2018. A Petrobras é o nosso principal motor do desenvolvimento. Não podemos aceitar que seja saqueada pelo capital estrangeiro. É um despropósito enfrentar uma quarta revolução industrial, intensiva em tecnologia e conhecimento, congelando por 20 anos os investimentos em educação. A sangria do orçamento federal para pagar juros da dívida pública precisa ser estancada. As reformas da Previdência e trabalhista do moribundo Temer estão na contramão e devem ser abandonadas. A crise, que se aprofunda a cada dia, não nos imobilizará. Ao contrário, é uma oportunidade para afirmar a democracia e reacender a esperança.