Ao retirar o regime de urgência de seis projetos de reforma do Estado para destrancar a pauta da Assembleia, o governo estadual passa à oposição a ideia de que capitulou diante das pressões contrárias às mudanças. Demonstra também fragilidade no confronto com as corporações de servidores, que resistem a todas as tentativas de redimensionamento da máquina administrativa. Ainda que, entre as alegações, esteja a necessidade de priorizar questões mais relevantes, a volta atrás é preocupante.
Entre os projetos considerados mais importantes sob a ótica do Piratini, está o fim da obrigatoriedade de plebiscito para privatizar ou federalizar estatais da área de energia. Essa, de fato, é uma precondição para que o governo gaúcho possa fechar um acordo de recuperação fiscal com a União, considerado essencial para equilibrar suas finanças, normalizar o pagamento dos salários dos servidores e voltar a investir. Ainda assim, o que fica visível é a falta de apoio político do parlamento para as mudanças.
É lamentável que providências de interesse vital para o futuro do setor público se mantenham pendentes num momento em que até mesmo partidos da base de apoio do governo já se revelam mais preocupados com as eleições do próximo ano. Tanto os gestores públicos quanto os políticos precisam se mostrar conscientes sobre os riscos de adiar o que não tem mais como esperar.