Após três semanas de paralisação do magistério estadual, serão retomadas nesta quarta-feira as aulas na rede pública. Em assembleia realizada na última sexta-feira, lideranças sindicais e docentes decidiram suspender a greve "por tempo indeterminado" deflagrada em 15 de março, com uma pauta difusa, que incluía as reivindicações de sempre – cumprimento da lei do piso salarial nacional, o pagamento integral do 13º salário e reajuste de vencimentos – e mais protestos contra as reformas da Previdência, trabalhista e do Ensino Médio.
O que começou sem apoio popular terminou de forma melancólica, sem qualquer resultado positivo para ninguém. A paralisação serviu apenas para atrasar em duas semanas o ano letivo dos alunos e professores diretamente atingidos pelo movimento, que sequer contou com adesão expressiva da categoria. Ao vulgarizar um instrumento legítimo de pressão apenas para marcar posição ideológica, as organizações sindicais que assim procedem correm o risco perder credibilidade junto aos seus representados.
Não há como ignorar a penúria financeira do Estado, que vem fazendo um grande esforço para pagar o completivo do magistério, de modo que nenhum professor tenha remuneração inferior ao piso nacional. Os sucessivos parcelamentos de salários, que não atingem apenas educadores mas todo o funcionalismo estadual, evidenciam essa dificuldade. Isso, evidentemente, não significa que os professores devam se conformar. Eles têm todo o direito de se mobilizar e de buscar melhorias profissionais, incluindo-se aí remuneração adequada. Mas o que se espera de uma categoria tão importante e esclarecida é que evite, ao máximo, transferir o desencanto para os estudantes, que são a razão de existir o sistema educacional.