No apagar das luzes de 2016, o governo Temer assombrou o país com uma impiedosa reforma da Previdência (PEC 287). Não satisfeito, dias depois, apresentou ao Congresso um Projeto de Lei (PL 6787) para alterar a legislação trabalhista. A base governista, de mãos dadas com o pato amarelo da Fiesp, tudo faz para aprová-las até na calada da noite e em véspera de feriado.
Temer nos ofende quando afirma que a reforma da Previdência corrigirá as desigualdades e os privilégios, que existem porque as nossas elites são alérgicas ao jogo da competição e se acomodaram ao papel de terceira divisão de um capitalismo cronicamente dependente. Das nossas elites nada devemos esperar. Elas se comportam como aves de rapina, asfixiando o Estado com seus interesses privados. A reforma, se aprovada, será o fim da aposentadoria e, em pouco tempo, veremos que os maiores beneficiados serão os bancos e os fundos privados.
Temer nos insulta quando prega que o fim da CLT aumentará os empregos. A CLT nunca foi empecilho para o crescimento econômico. Recentemente, o Brasil gerou 20 milhões de empregos com a CLT em vigor. Os direitos trabalhistas asseguram o mínimo de dignidade nas relações de trabalho. Do seu túmulo só brotará trabalho precário, terceirização, pejotização, legalização do bico e uma epidemia de trabalho indecente. Isso não é modernização, mas, sim, roubo de direitos.
Na defesa dos direitos conquistados, a CUT fez uma campanha educativa com jornais, cartazes e outdoors, além de mutirões nos locais de trabalho e na sociedade, apontando o golpe dessas reformas e denunciando os parlamentares apoiadores do governo. Participamos também de audiências públicas e mobilizações em conjunto com as centrais sindicais. Travamos uma batalha desigual, pois os canhões da desinformação e da despolitização são poderosos. Porém, quanto mais a sociedade conhece as maldades das reformas, mais se posiciona contra. Por isso, o governo e seus aliados querem aprová-las com tamanha rapidez. Não temos outra escolha a não ser parar e exigir respeito aos direitos, através da nossa principal arma: a greve geral.