Desde o afastamento de Winston Churchill dos assuntos públicos, nenhum outro líder inglês nutriu tanto ódio aos alemães como a primeira-ministra da Grã-Bretanha ( de 1979-1990), a senhora Margaret Thatcher ("não confio neles"). Assumindo a bandeira do nacionalismo extremado, uma autêntica jingoísta, repugnava-lhe a aproximação com o restante da Europa. Particularmente com a Alemanha. Tendo consciência de que Berlim, por meio do controle da burocracia, iria mais tarde ou mais cedo impor as regras do jogo aos demais integrantes da Comunidade Econômica Europeia. Rejeitou ir adiante ao congraçamento de nações que estava em acelerada formação entre os demais países do continente europeu para atingir a tão sonhada integração, (advogada tanto por Kant como por Victor Hugo).
Disse então: "Nós os derrotamos [os alemães] por duas vezes neste século (na 1ª e 2ª GM) e não será agora que vamos lhes obedecer". Para ela, aprofundar-se na integração era capitular.
Anteriormente, em 1960 e 1967, a entrada do Reino Unido no consórcio europeu fora vetada pelo general-presidente De Gaulle (ele jamais esqueceu as humilhações que Churchill o fizera passar durante o exílio dele em Londres, 1940-44). O prócer francês alegou que as ilhas, pela sua universalidade, não tinham uma economia afinada com os países continentais.
Via a Grã-Bretanha estrategicamente como um porta-aviões americano e um simples coadjuvante dos EUA nos demais assuntos. Magoados, os ingleses tiveram que esperar a saída de De Gaulle do poder em 1969 para que então fossem acolhidos, o que ocorreu somente em 1973. A situação confirmou-se por meio de um plebiscito proposto em 1975: 67,2% dos eleitores disseram sim, e apenas 32,8% defenderam a saída da CEE.
O Brexit ((junção entre as palavras Britain – Grã-Bretanha – e exit – saída), resultado do recente plebiscito de 2016 que repeliu (por 52% a 48%) um estreitamento com o continente, nada mais foi do que a reaparição da Dama de Ferro como um vingativo espectro, conclamando a velha guarda inglesa, nostálgica da grandeza do império perdido, um coro de ressentidos a manifestar-se contra (a média dos que preferiam a saída era de 65 anos de idade). Serviram como farol para Donald Trump.