A queda recorde nos registros históricos do Produto Interno Bruto (PIB) – 7,2% em dois anos consecutivos – indica que a economia brasileira chegou ao fundo do poço, assinalando uma recessão inédita. O resultado só não se mostra mais trágico porque a retração passou a ocorrer de forma mais lenta neste ano, e a expectativa é de uma recuperação gradual no mesmo ritmo. As razões para a retomada estão na redução das taxas de inflação e de juro, além de uma estimativa de resultados favoráveis para o agronegócio. É como se, depois de atingir esse estágio, a crise não tivesse como piorar mais.
Ainda assim, um tombo tão acentuado no desempenho da atividade produtiva, de 3,6% no ano passado, deixa uma herança negativa para 2017, além de contribuir para que a economia brasileira retroceda a patamares de uma década atrás. O resultado mais perverso é que, do final de 2014 até o do ano passado, 2,6 milhões de brasileiros perderam o emprego, elevando para 12,3 milhões o total dos que andam em busca de uma oportunidade de trabalho. Um sinal de que a situação poderia ter sido evitada é o fato de outras grandes economias terem registrado desempenho favorável, deixando o Brasil para trás.
As razões do desastre são internas. Entre elas, estão a negligência com a inflação e com o controle de gastos, numa demonstração de que interesses políticos e pessoais foram colocados acima de questões com impacto direto sobre o cotidiano do conjunto dos brasileiros. Diante da retração sem precedentes, resta ao país reverter os prejuízos na economia, o que vai depender de um ambiente político favorável para aprovar as mudanças necessárias, incluindo as reformas estruturais.