Um dos mitos mais antigos no Brasil diz que "o ano só começa depois do Carnaval". É uma espécie de limbo decisório que muitas empresas vivem nesta fase do ano. Em um mundo em plena transformação, perder quase 20% do ano passou a ser inadmissível.
Se dois meses não parecem muito, considere o que acontece em um minuto na internet: 701 mil logins no Facebook, 2,4 milhões de pesquisas no Google, 20,8 milhões de mensagens no WhatsApp. Enquanto o telefone precisou de 75 anos para atingir 50 milhões de usuários, o tão emblemático jogo Pokémon Go atingiu esse mesmo número em menos de 24 horas.
A tecnologia acelerou o mundo, mudou a forma como vivemos e impactou fundamentalmente a lógica dos negócios. As organizações formatadas para o sucesso na era industrial estão fadadas ao fracasso se não se adaptarem à era digital. A rede de hotéis Hilton, por exemplo, viu o seu valor de mercado de US$ 21 bilhões, construído ao longo de cem anos, ser ultrapassado em menos de uma década pelo Airbnb que, sem ser dono de nenhum imóvel, já é avaliado em mais de US$ 25,5 bilhões. O Uber fatura três vezes mais do que toda a indústria de táxis em San Francisco.
A verdade é que nem o setor, nem o tamanho e nem a idade garantem mais que as empresas estarão vivas amanhã. Para sobreviver, elas precisam ser mais rápidas e se ajustar sob dois pontos essenciais: (1) embarcar digitalmente o seu produto ou serviço. Mesmo que não produzam tecnologia, as organizações devem usá-la no seu negócio – basta ver o próprio Hilton, que abandonou as chaves e permite que os hóspedes utilizem o smartphone para destravar a porta de seus quartos; e (2) remodelar sua estrutura e cultura. Nem todas as empresas serão "a la Google", mas as organizações tradicionais não podem mais demorar para marcar uma reunião o mesmo tempo que uma startup leva para lançar um produto. Não é à toa que a Gerdau inaugurou recentemente um novo ambiente, que representa a modernização da cultura da empresa, com diminuição da centralização e implementação de métodos ágeis de trabalho.
Uma pesquisa de 2011 da Babson College previu que 40% das maiores empresas do mundo não vão mais existir até 2021. É um caminho sem volta. Já dizia Darwin, adapte-se ou morra. E o mercado não espera.
Na primeira segunda-feira pós-Carnaval, a única ressaca deve ser a do tempo perdido.