No Brasil atual, sentimentos de indignação represados num limbo de desesperança se converteram em silêncio ensurdecedor diante dos "sacrifícios necessários para a retomada do crescimento econômico" ou até em algo como um rancor por que as panelas silenciaram; também em intolerância à diferença, inclusive de opinião; em ódio expressado como "defesa" das "pessoas de bem vítimas da inversão dos valores na sociedade". E no Estado corrompido, o descompasso entre o tempo da política (exercida por delinquentes) e o tempo da justiça (a qual a maioria já se sente órfã), tem potencializado, de modo crescente, a violência civil nas ruas, nos presídios, nas escolas, em todos os lugares.
Artigo
Miguel Ângelo Flach: o Estado corrupto e nós
Professor e mestre em Filosofia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos)