Março começou e com ele chega o Dia Internacional da Mulher. O mês é dedicado a comemorações e homenagens ao público feminino. No entanto, há pouco a festejar. Não podemos comemorar a queima de operárias em uma fábrica têxtil, em 1911, por reivindicarem melhores condições de trabalho e salários dignos. Tampouco podemos nos alegrar sabendo que, no Brasil, cinco mulheres são espancadas a cada dois minutos!
Também é deplorável que a cada 11 minutos uma mulher seja estuprada em nosso país, sendo que 50% desses estupros acontecem com meninas de até 13 anos e 20% com adolescentes de 14 a 17 anos. Também não podemos nos alegrar sabendo que os índices de vitimização das meninas e mulheres negras cresceu 67%. E que 75% dos estupradores são os próprios pais, padrastos, parentes e amigos íntimos das vítimas.
Outro dado alarmante: 14 mulheres são assassinadas por dia em território nacional, colocando o Brasil no vergonhoso quinto lugar no ranking mundial deste tipo de crime. E o pior de tudo é que as estimativas são de que os números representam apenas um terço do que de fato acontece por aí afora porque as vítimas sentem vergonha, não têm acesso à polícia, são estimuladas a não denunciar ou não têm conhecimento dos recursos disponíveis, pois 60% delas não possuem sequer o Ensino Fundamental completo.
Além disso, muitas vezes culpa-se a vítima. O ciclo da violência é cruel e possui fases muito distintas: primeiro vem o silêncio, seguido da indiferença. Depois as reclamações e reprovações. Por fim os castigos e a punições. A violência psicológica transforma-se em física. A partir daí a vítima consegue justificar o comportamento do outro.
É bem verdade que, em números absolutos, no Brasil morrem mais homens do que mulheres. Mas também é uma verdade que os homens morrem na proporção em que matam. São, na maior parte das vezes, vítimas da sua própria violência, da imprudência, do trânsito e da guerra do tráfico.
Já as mulheres morrem pelas mãos de quem elas amam. Por isso, neste mês de março, não queremos homenagens, comemorações, flores ou bombons.
Queremos respeito, igualdade e dignidade!