O Carnaval das grandes escolas do Rio de Janeiro é reconhecido mundialmente como um milagre brasileiro, por envolver milhões de pessoas numa festa inigualável, quase sempre marcada pela organização, pela criatividade e pela alegria. Neste ano, porém, acidentes com carros alegóricos, que deixaram pessoas feridas e provocaram angústia no público, tiraram parte do brilho da maior festa popular do planeta.
Sob um olhar mais condescendente, pode-se dizer que, se os americanos trocam o envelope do vencedor do Oscar num evento minuciosamente planejado, os brasileiros também têm o direito de errar. Mas, quando se trata da segurança e da vida das pessoas, não pode haver margem para falhas previsíveis. A negligência e o jeitinho são os pais das grandes tragédias. Desastres irreparáveis, como o incêndio da boate Kiss, em Santa Maria, ou o estouro da barragem de lama tóxica da mineradora Samarco, em Mariana (por coincidência, referido no enredo da escola Portela), poderiam ser evitados com prevenção, fiscalização adequada e ações mais firmes das autoridades responsáveis. Os acidentes do Carnaval têm que ser encarados sob esta ótica, para que haja responsabilização e providências efetivas no sentido de que não mais se repitam.
E a questão dos carros alegóricos merece atenção à parte das autoridades, pois a cada ano os carnavalescos aumentam e incrementam os veículos, transformando-os em verdadeiras torres móveis, com estruturas insuficientes para o peso das pessoas e dos equipamentos. A revisão dos procedimentos de segurança, portanto, se torna inadiável, até mesmo para assegurar o prestígio internacional conquistado pela maior festa brasileira.