O Brasil não é livre. Na verdade, é definido como majoritariamente não livre. O Banco Mundial classifica o nosso país em 123º no que diz respeito ao ambiente de negócios. Da obtenção de licenças à inovação, nada escapa de uma sede reguladora que engessa relações e aumenta o custo de tudo para a população. A mesma complexidade que toma 2,6 mil horas das empresas no cálculo de tributos também consome quase 40% do PIB para sustentar-se. Crimes são relativizados pela Justiça e contratos desconsiderados. Nossa democracia privilegia cidadãos de certas regiões em um sistema de representação desproporcional, além de centralizar o poder, afastando as pessoas do processo. Sem ligar causa e consequência, grupos de interesse defendem privilégios pagos pelo pagador de impostos, enquanto a violência toma vidas e a baixa qualidade do ensino, futuros. Chegamos ao ponto em que o objetivo de muitas famílias é poder mandar os filhos para lugares onde eles tenham a oportunidade de realmente buscar os seus sonhos.
Mas estamos mudando.
Pela primeira vez em muitos anos, problemas estruturais começam a ser enfrentados não apenas por necessidade, como muitas vezes é o caso das privatizações, mas também por convicção. São mudanças protagonizadas por uma nova geração de políticos e gestores públicos que entendem que o Estado deve servir ao cidadão e não aos interesses de grupos organizados. Que entendem que a riqueza é gerada pela sociedade e não por decretos e regulamentos. Que o Estado não pode ser infinito e que todos não podem viver às custas de todos. Que é melhor ser eficiente do que demagógico, pois, como bem disse Roberto Campos, "o mundo não será salvo pelos caridosos, mas pelos eficientes".
A zona de conforto existe também nesse cenário caótico e, certamente, veremos muitas bandeiras serem levantadas contra qualquer mudança, independentemente da razão. A maturidade está em sabermos sobreviver e avançar. Já passamos por momentos piores. Dias melhores virão.