Dia desses, perguntei a um amigo por que temos quase nada de rodovias duplicadas no RS.
A resposta veio provocativa: "onde o cavalo é considerado o meio de transporte por excelência, duplicar rodovias para quê?"
Fugindo à provocação, tem, sem trocadilho, um pingo de sentido na afirmação.
Ricardo Giuliani diz que vivemos a "grandiloquente estética da divergência", enquanto que necessitamos de convergências, de esforços para encontrar pontos que nos unifiquem como sociedade. Agora, o tema do pedagiamento de rodovias federais e algumas estaduais chega de novo: a Estrada da Produção e a Rodovia do Parque foram colocadas no plano nacional de concessões.
Mesmo sem saber muito sobre como serão feitas as concessões, uma parcela significativa da sociedade já tem posicionamento firmado e reafirmado. A partir "dos contras", emergirão os "a favor", um festival de lugares-comuns que nos levarão ao lugar de sempre, a estagnação e o atraso galopante. Duplicar rodovias para quê? Em que condições? Pouco importa! Importa o conflito e a divergência. Importa fincar pé nas suas convicções particulares. Mesmo que não construam nada!
Há tempos o RS vem na rabeira da história! Em saneamento básico, em alfabetização, em industrialização etc, ocupamos as últimas posições do país.
E a pergunta que fica é: onde há problemas de governo e onde há problemas de sociedade? Como o rabo do cavalo, crescemos na direção do solo e não nos permitimos convergir nem em assuntos do nosso cotidiano.
O tema dos pedágios é símbolo extremo da tal de "estética da divergência"! Não estou aqui para falar a favor ou contra pedágios e muito menos para mudar tradições. Mas também não estou aqui para ser contra ou a favor simplesmente para poder ser admitido num lado ou noutro de uma disputa burra que nos conduziu ao fundo do poço.