Mesmo pressionado pela investigação da Operação Lava-Jato, que deixa sob suspeita o próprio presidente, ministros e parlamentares aliados, o governo Michel Temer mantém uma agenda de reformas imprescindíveis para o país. Destas, a mais difícil e polêmica é a reforma da Previdência, que já tem suas linhas básicas definidas, mas encontra grande resistência popular e, por consequência, também por parte dos deputados e senadores encarregados de apreciá-la. Por isso, age bem o governo ao se empenhar para vê-la aprovada até o meio do ano no Congresso, procurando dissociá-la dos inevitáveis interesses políticos da campanha eleitoral de 2018.
Há outras reformas necessárias para o país, entre as quais a trabalhista, a tributária e a política, que nem está agendada. O nó da Previdência, porém, é mesmo o primeiro que precisa ser desatado, pois o sistema mexe com a vida de milhões de pessoas e ruma para o abismo.
Mesmo quem considera duras demais pretensões como elevar a 65 anos a idade mínima para pedir a aposentadoria não tem como negar que muitos países já a adotaram. Tampouco é impossível ignorar que os brasileiros continuam a se aposentar em média aos 58 anos num país em que a expectativa de vida se acelera e os gastos com a Previdência já alcançam 40% das despesas primárias do governo federal, que excluem os juros.
Mesmo na hipótese, remota, de o país se recuperar logo desta que é considerada a maior recessão da história, a situação não se resolverá por si. A questão previdenciária exige menos demagogia e mais atitude de quem está no poder, como forma de compensar a omissão no passado e garantir o futuro de quem se encontra no mercado de trabalho.